
a velocidade por vezes assusta-me. a adrenalina transfere-nos de posto e sem avisar lá vamos nós a correr no seu encalço à procura daquele borbulhar de sensações desconsertantes que vão na nossa barriga. lá vamos nós desenhando pequenos desejos em tempos curtos de longo prazer. venho correndo pela estrada e no parar daquele segundo único há espaço para equacionar o meu momento em funçao do meu tempo. tempo esse desastroso que me escapa descomunalmente da minha orientação...vagabundo fugitivo obcecado pelo que vem a seguir e jamais me atende no meu pedido desesperado de travagem suave. não só não o domino como é ele próprio que gere a minha translação diária. ponteiros irrequietos e apressados que não ousam esperar por mim. gostava de poder entrar naquelas lojas castiças da baixa típica portuga, tipo loja de conveniência onde se vende e compra de tudo e encontar, meio empoeirado, um baú cheio de caixinhas pequeninas que guardassem tempo. sem moedas falsas para as poder comprar, restava-me poder, apenas, trocar as caixinhas...as novas pelas antigas...as antigas pelas novas. multiplicar e dividir páginas no livro de memórias...colocar em extinção recalcamentos...projectar promessas de vida em tempo incerto...viver na realidade absolutamente relativa que cativava por isso mesmo. águas de setembro já não fechariam o saudoso verão...a estrada voltaria ao início e aquela viagem tão apetitosa voltaria ao ponto de partida sem fim prometido...sem principio único. a tristeza podia ter fim quando me apetecesse... e voltar..voltar...e ir. tu até voltarias para mim ou eu voltaria para aquele futuro que não te inclui...o livro requisitado teria sido lido até ao fim, quem sabe... e a música..essa...a banda que sonoriza esse filme que não vi até ao fim, apenas por escassez desse maldito tempo...teria chegado ao fim muito antes de ter saído do carro e desaparecer por entre as marcas de neblina que esconderam muitos alguéns que nunca mais vi...
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