há meses que repreendo as palavras. tenho medo do que elas possam dizer. uso-as para mentir aos outros..lá fora, bem longe de dentro de mim. aqui, ouço-as como ouvia a minha mãe, quando eu era pequenina. por isso as nego e nem sei porque as negar. vem de mim, lá do fundo. essa vontade mentirosa que tapa os ouvidos do coração com o mesmo algodão que se vende nas feiras. doce, como o amor. e assim calo a boca. fecho os olhos até. vivo no de sempre, no de sempre que não vivo. porque as agendas e os diários estão em branco. todos eles, sem excepção. todos os que me deram e até os que comprei, dos mais bonitos aos maus feios. curiosamente, todos personalizados. e todos, de formas variadas. cada um a inventar uma silhueta nova para o meu corpo, sempre igual e podre dos vícios que o medo traz. mas sempre em branco. as palavras surgiram sempre em bombardeamentos de letras em semântica perfeita e nunca tão perto estive de o aceitar. sou a típica construtora de fases apropriadas ao momento. de vocábulos sempre a saltitar em conversas de café, novamente a fugir das palavras certas. dos outros, este pequeno diário unicamente diferenciará na cor de fundo. o branco pelo preto, na ausência da presença da hostil e flácida palavra.
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