os gritos mudos passaram a ser imperadores. calaram-me a boca e nem ousaram perguntar-me se queria. Ousaram tapar-me os olhos e obrigaram-me a viver na ceguez muda da qual sonhei um dia estar longe. a verdade por vezes esconde-se, refugiada no medo de abrir a garganta e não voltar a ceder. o comportamento humano faz-me sentir mesquinha nos dias em que desperdiço tempo a tentar compreendê-la. obrigam-me a viver no mundo que não quero. levanto-me de manhã e penso que talvez seja hoje o tal dia...mais um se passa e quando chega ao fim percebo que nada foi assim. acorrentaram-me as mãos e já não tenho liberdade de acção. para ser completa, eu no seu todo e no seu sentido mais puro, preciso fugir em busca da minha doce fantasia. nada do que ousei pensar conhecer, existe. sinto-me tão só. síndrome da imensa multidão que devasta a doçura de um olhar, a profundidade de uma qualquer palavra e que te arrasta, sem avisar e sem hipotecar necessidades ou desejos, sonhos ou ilusões, utopias ou paixões, para a funda, negra e devastadora solidão.
Sem comentários:
Enviar um comentário