oiço o silêncio apenas. foi o que restou do dia que sufocou. rasgo cartas e retratos e ainda assim eles teimam em ficar pendurados no peito. os fios que os enalteceram não fazem hoje qualquer sentido. convenceste-me disso. não ouso agradecer o abraço e apenas lamento não o ter sentido. foi mais um alento de caricato esplendor que se uniu a outros tantos e explicaram a efemeridade de um momento singular. mostra também a beleza que desta vez não cativou, desta vez fugiu por entre os dedos. a pele estala e lá dentro só há a alma. descrita em traços lentos de horrores mistificados de segredos que não soubeste desvendar. os olhos fecham. não sabem ver por entre os quadrados do vidro embaciado. são janelas fechadas ao mundo de trancas amargas e amarradas apenas a ti. quem sabe a mim. as mãos enlaçam uma na outra apenas para suspender o vício que me mata. o anel já corta e é hora de se retirar de cena. o palco é meu. não ouses mudar o cenário. instalei o veredicto no dia que para o palco subi. o enredo foi marcado e ensaiado, escrito por outros tantos que tu não conheceste. é hora de beber o cálice amargo do adeus. as palavras envolvem-se e correm em passos dentro da casa escura. não conhecem o fora nem o dentro. não conhecem o elenco. não me conhecem a mim. as luzes desvanecem-se. a ribalta desvaneceu-se. o céu já não nos merece e tudo mais são frases feitas que decorei para ti.
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