recolhendo-me

é hora da recolha lá em baixo. e em mais uma incursão àquela que será hoje conhecida como a avenida mais "visitada" de toda esta cidade...é engraçado e triste observar com tamanha ousadia a outra perspectiva da coisa. são duas em ponto daqui de onde vos retrato e ainda há pouco, quando terminada a minha tarefa escolar que tamanhos arrepios já me faz nas entranhas...esbarrei com vocês naquela passadeira onde parei. iam apressadas para a carrinha comprida igual àquelas carrinhas azuis de sirene ligada. também ali havia uma sirene que apontava horas de retirada. da rua. a mesma onde vos encontrei e me arrepiei. da cabeça percorreu a espinha e espetou no coração. de uma só faísca iluminou-vos os olhos. e eu vi. vi, juro que vi. o rosto de quem se esvai em orgasmos múltiplos numa só noite. vêm em horas diferentes e a preço descontinuo. vêm sempre porque alguém quer. são fingidos como os sorrisos que fazem sempre que as luzes de um qualquer carro vos aponta. Matriculdas por uma carrinha onde alguém é o chefe, ganham honorários de sobrevivência neste mundo que também é meu. que podridão retrato em mim agora. o de alguém que passou e apenas reparou. vendo-me a estatutos e cobardias e assim me vou inserindo no saco grande da maioria. de todos os que vão estar suficientemente desocupados e "adaptados" para ler esta porcaria. são as patologias´oculares desta minha nova condição. rendermo-nos aos demais está para além do poder do astigmatismo ou da miopia. é a realidade a converger para um estrabismo social. termos técnicos aplicados quando já se perdeu o que só vê o coração. e se vocês estão fora do saco do senhor da carrinha grande...eu cá vos digo que vim a pensar que há saco maior que carrinha dele em que todos temos um espaço para o nosso saco. no grande cabem todos os nossos conceitos de humanismo...nos pequenos cabem os nossos conceitos de prostituição.

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