caseira dos meus sonhos

Pedregulhos de gente, esta gente que conheci por cá. sempre rodeada do frio mármore, que muitos guarnecem as suas janelas, nunca conheci ninguém que permitisse que também lhe guarnecesse o coração. nem na minha pequena província pacata e humilde. gélida e frígida se apresenta esta gente. irte na minha consistÊncia humana, aprendi valores. nem sempre com a melhor gente é certo, mas prezei-os, sempre, tanto quanto prezo o telhado do edificio que construí ao longo desta minha candidatura à super engenheira da razão. é ele o traço na régua vertical que indica o meu patamar. cada andar destinou-se sempre a rentabilizar novas aprendizagens, novas consciêncializações. são escritórios onde não entra burocracia. vivem em liberdade, todos esses valores...vivem para se trabalharem e tudo lhes é pago em "pózinhos de perlim pim pim". são diamantes em bruto em processo de volatização. tão certos como a incerteza com que olho para mim. e depois olho para vocÊs. e depois para mim. e depois para cada um de vocês e depois...depois invejo-te a vivenda imponente que a tua divisa pseudo-doutorada te cedeu. da janela dos fundos, paisagem do meu "canto", te vejo azafamada em redor de evidências do parkinsonismo, em redor de copos de Porto importado, em trajes de gente séria a correr atrás da tua sombra, tal qual o Peter Pan. Espero assistir, deste mesmo canto da casa que me cedeste, ao momento em que alguém, desses iguais a ti, te volte a coser à tua sombra. eu, em tom de caseira honesta, na casa onde tu és o patrão...cumprirei o meu dever de submissão. assistirei ao apagar das velas e à entrada do ladrão. de olho magoado e traído estará a sombra acenando adeus. das garras da escuridão nenhum resgate te a pode salvar e nem todo o ouro que desfilas poderão alguma vez alumiar de novo o rasto de ti. na casa de caseira, onde me deixaste à chuva das lágrimas, fiz as poupanças da vida. comprei com elas o material do meu edificio de andares. tão alto já vai como foram sempre os meus sonhos. tem janelas por todo o lado e música que chegue para não te ouvir. tem alicerces coesos de uma família sem dinheiro mas com educação. tem ninhos de andorinhas a espalhar merda pelo fachada da frente. tem um telhado tão longe que não cabe no meu ângulo de visão. tem cores e vida, balas cravadas e drogados do lado de trás. tem esfomeados à porta que vendem pipocas e algodão doce. tem pessoas a entrar e a sair. tem escritórios a fechar e abrir. uns a mudar de lugar e outros dispostos ao trespasse. todos regateados contigo, mas todos vieram ter à minha mão. segurei-os. guardei-os e dei-lhes utilização. gestora dos meus sonhos, escolhi o bairro da imaginação. prefiro o arranha céus da fantasia, à vivenda da escuridão. e ainda em posição de criadita ignóbil que não tem acesso à frontaria da pseudo mansão, te convidarei um dia para visitares o terraço da minha imaginação. a encher o olho estarão as tuas falhas como ser humano.

o teu tecto tem telhas de barro. o meu tem pipocas coladas com caramelo.

1 comentário:

She disse...

desculpa pla invasão.
O texto está lindo, assim como o blog (dei uma espreitadela)

a imaginação é das coisas mais preciosas e cada vez mais raras.
mas aqui ela está bem presente. parabens!