a minha varanda

cresci a sonhar com ela...a minha varanda! era imaginária como tantas outras fantasias que tive. hoje também elas se tornaram fruto do pecado e a culpa é somente da sua inexistência. tiveste sempre lá a ombrear todos os luares que eu perdi. imaginei-a com flores e uma cadeira branca. não sei porquê. é talvez a réstia da pureza que sobrou da minha criança. também a ela a remeti para a imaginação. a dura crueldade vejo apenas da janela. limitada tudo bem, mas até prefiro assim. a magia perder-se-ia se tivesse a observá-la na minha varanda. fecho bem a porta sempre com medo da escuridão. se tivesse varanda podia apenas olhar para o tudo de tudo e traduzi-lo em mim...em palavras melhores de mim...em sei lá mais o quê. teria viajado para muitos lugares para onde não se pode comprar bilhete de avião. teria ido com todo o gosto. teria talvez voado...ou caído...mas teria tido muito mais para ser muito mais também. imaginei-me a namorar dali. alguém a cantar para mim. imaginei-me a saltar dali e a fugir à saia rígida que jamais permitiria tal fuga. imaginei-me a compor músicas no meu imaginário. imaginei-me a imaginar...imaginei-me a crescer ali e faltou-me esse pedacinho de mim. assim, não cresci para sempre...fiquei com a etapa que não ultrapassei na minha criança...a etapa da imaginação! escrevo agora para ti...(alguém que teria sido se tivesse na minha varanda a escrever)

1 comentário:

Anónimo disse...

é triste ver os nossos sonhos, os nossos desejos, o fruto da nossa imaginação como algo inalcansável.
o que poderia ter sido,mas não fui...
o que poderia ter tido, mas não tive...
o que poderia ter visto, mas não vi...
o que poderia ter feito, mas não fiz...
enfim.um mundo de impossibilidades, fantasias e segredos.
é paradoxo pensar na dúvida.esta não é mais que um "se". mas a utopia é o maior desejo do ser humano e principalmente de uma mulher.
amo-te.